O instituto ganha um novo foco no momento em que o Secretário Osvaldo Barreto direciona a política educacional para garantir a aprendizagem do aluno. O cerne desta política está centrado em três grandes programas: o Gestar, o EM-Ação e o Ciências na Escola. A essência destes programas é a formação de professores na escola, dentro da sala de aula. Eu vejo isso como a grande mudança dessa nova gestão. Este é o momento propício de se fazer um trabalho novo, com outra lógica, pensando na escola, no aluno, no conhecimento e naquilo que é a missão da escola: fazer o aluno aprender e compreender a importância do conhecimento escolar como um pré-requisito para ser um cidadão pleno.
Quais as perspectivas para 2012?
O IAT hoje se integra plenamente com a Secretaria da Educação da Bahia. É ele quem operacionaliza a política de formação de professores necessária para o estado. No momento em que a Secretaria afirma que a missão da escola se pauta pelo direito de aprender do estudante, todas as ações convergem para que isso se materialize. E como se materializa? Olhando dentro da sala de aula e descobrindo porque o estudante não aprende. No momento em que se retoma essa missão para a escola, as ações do IAT, da secretaria, se centram nisso. O que é o programa “Um Gestar em cada escola”? Qual o diferencial do Gestar (Gestão da Aprendizagem Escolar), que já tem 10 anos no país inteiro? O Gestar na Bahia é diferenciado porque ele vai para a escola, ele não é mais uma formação centrada somente no professor. Agora, o professor, com seus colegas, mediado por um articulador dentro da escola, cria um grupo colaborativo de estudos. Então os professores começam a operar com o material que vai ser trabalhado, investigam as razões pelas quais os estudantes não aprendem, refletem sobre os obstáculos que impedem esse aprendizado e propõem estratégias de intervenção em tempo real, para superar as dificuldades encontradas. Além de o professor poder contar com os seus colegas da escola, ele pode, também, compartilhar suas experiências com os colegas de outras escolas, através do Ambiente Virtual de Aprendizagem – AVA. O nosso sonho é que, daqui a dois ou três anos, possamos ter um material produzido pelos professores baianos nas escolas baianas. Essa concepção é radicalmente diferente e estamos apostando todas nossas fichas nela. Estamos partindo daquilo que é essencial, o aluno, o conhecimento e o professor. E isso num momento em que a sociedade muda radicalmente. A escola não pode mais ficar para trás, ela tem que se reinventar.
Qual será a principal linha de ação do IAT em 2012?
A principal linha de ação é garantir o direito de aprender do estudante e, para isso, colocar em ação os programas estruturantes. Além do programa “Um Gestar em cada Escola” que trabalha com matemática e língua portuguesa, nas séries finais do Ensino fundamental, temos o “Ensino Médio em Ação (EM-Ação)” que trabalhará o bom uso do livro didático com material produzido pelas universidades baianas. Reafirmamos o “Ciência na Escola” que articulará o ensino formal e não formal, incorporando a Feira de Ciências. Pois bem, esses programas trabalham com o professor e alunos nas escolas. Além desses programas, temos ações na formação inicial, no qual somos articuladores entre o Ministério de Educação (MEC) e as Instituições Públicas de Ensino Superior (IPES), na oferta de cursos de licenciatura para professores das escolas públicas sem formação em curso de nível superior, ou com bacharelado ou, ainda, em desvio de função. Também temos articulado cursos de especialização e estamos estudando a possibilidade de mestrados profissionais com capacidade multiplicadora e de abrangência estadual, não atomizada e concentrada nos grandes centros urbanos. Existem cursos ligados à diversidade, à educação especial, que vão continuar no formato atual. Outra ação importante é o papel da Rede Anísio Teixeira com relação à catalogação dos conteúdos digitais que vamos disponibilizar para o professor. Assim, em 2012, a Rede Anísio Teixeira vai concentrar esforços na catalogação dos objetos educacionais disponíveis na rede e qualificar todos nós, para o uso desses conteúdos digitais, favorecendo o fortalecimento da cultura digital.
Qual a importância dos cursos de formação para os professores da rede pública de ensino?
Muito grande, pois é com a formação que se potencializa a melhoria das aprendizagens. A formação inicial e de pós-graduação (especialização, mestrado e doutorado) é responsabilidade das Instituições de Ensino Superior. Ao IAT cabe a responsabilidade da formação continuada em nível de aperfeiçoamento. Nesse sentido, temos provocado as nossas IPES sobre a necessidade de revisar os currículos das licenciaturas, que não acompanharam as mudanças substanciais da sociedade e das diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN). Por exemplo, a escola hoje é uma escola inclusiva. Ela tem que dar conta em uma turma regular de um aluno com deficiência, oriundo de extratos socioeconômicos, com identidades diferentes. E os currículos? Até que ponto as licenciaturas dão conta de formar professores para trabalhar nessa diversidade, própria da escola pública? Por outro lado, enquanto política de estado não se pode continuar a pensar na formação de professores de forma atomizada, centrada nos grandes centros urbanos, em uma dimensão territorial tão grande como a da Bahia. Isso é um imenso desafio.
Que projetos continuam sendo coordenados pelo instituto e como serão encaminhados?
Quando cheguei aqui havia uma pulverização de projetos, em poucas escolas e em grandes centros urbanos. O dever da Secretaria é garantir a aprendizagem dos estudantes da rede estadual. E isso significa chegar em todos os cantos do Estado. Por isso o programa “Um Gestar em cada escola” é o nosso carro-chefe, já que vai atingir praticamente todas as escolas do ensino fundamental. Nesse mesma linha temos o programa Ensino Médio em Ação (Em-Ação) e Ciência na Escola. Com eles, até 2014, nossa meta é chegar em todas as escolas de forma estruturada.
Qual o peso que a tecnologia e a informática têm nos projetos desenvolvidos pelo IAT e qual o encaminhamento dessas ações em 2012?
Hoje, a escola sem tecnologia não tem sentido. Nossos alunos, por mais carentes que sejam, têm acesso à tecnologia em outros lugares e a forma como a gente pode engajá-los é através dela. O projeto Monitor de Informática, que qualificará alunos das escolas públicas com um curso de 360 horas em manutenção de computadores, possibilitará que os laboratórios de informática estejam em funcionamento. Com esse laboratório, ainda que sem internet, teremos a garantia de que o material desenvolvido pela Rede Anísio Teixeira vai poder ser utilizado na escola. A Rede está catalogando os conteúdos digitais disponíveis em sites referenciados para que o professor receba uma listagem por disciplina, por nível de abrangência. Para nós, a tecnologia é tão importante que vamos, nesse primeiro momento, qualificar todos os servidores para utilizar as tecnologias que estão sendo desenvolvidas para a escola. Os Núcleos de Tecnologia Educacional (NTE) vão ter um papel muito importante, que é o da difusão e do incentivo ao uso das tecnologias já produzidas. Nós não precisamos reinventar a roda. Ela já existe. Se nesse ano não conseguirmos a conectividade nas escolas, vamos trabalhar e redobrar esforços para que em 2013 ou 2014 isso seja possível.
Como melhorar os indicadores educacionais baianos?
Só dois estados tem institutos como o Anísio Teixeira, a Bahia e o Mato Grosso. O IAT tem uma infraestrutura e um quadro de funcionários privilegiados. Se todos nós, funcionários, gestores, diretores de escola e professores cumprirmos a nossa função, tenho certeza que podemos mudar o rumo dos indicadores educacionais. A questão não é só sair do patamar que estamos hoje, queremos garantir que o nosso estudante aprenda, porque garantindo isso, automaticamente, o IDEB melhora, o desempenho no ENEM melhora e a sociedade tem pessoas com melhor formação para a multiplicidade de desempenhos. É um esforço de todos os baianos. Enquanto cidadãos, cada um de nós tem obrigação de trabalhar nessa perspectiva e o nosso compromisso deve ser com uma escola pública de qualidade. Eu tenho muita esperança e sinto bastante alegria em ver que há foco, há norte, que o Secretário tem clareza sobre o que quer e essa clareza chama-se escola pública de qualidade.
Fonte: http://www.iat.educacao.ba.gov.br/node/2671